sexta-feira, agosto 28, 2009

Chega disso

Palavras, palavras, palavras... blablabla. Escrever como descarga de sentimentos, pensamentos, tesões, ideologias... E ai? E ação, fatos e vida, meu amor? Cadê? Cadê? Amores lindos, paisagens estonteantes, sabores únicos, tudo maravilha. E puro papel. No fundo, sabes que nunca viveu nem a metade do que passa para os outros. Frases sabidissimas de teorias nunca provadas.
Sai desse computador, desse quarto, dessa casa, desse bairro... Anda na praia, olha o Cristo, olha em volta... O Rio continua sendo, né? Vem pra cá depois, eu posso até encontrar você em algum canto. Daí, escreva em mim aquilo que você insiste que almas carentes leiam.

terça-feira, agosto 25, 2009

De manhã

Passei várias noites seguidas em claro e, sem querer, vi que nem sempre o dia amanhece com o sol. Mas, dias sempre seguem a rotina do movimento de rotação e acontecem, e tudo acontece. Até o sol é substituível, então?
Não.
Mesmo as manhãs nubladas com seu ar meio “noir” não serem feias, e terem até um tom Bergman maneirinho. Manhãs com o céu de cores inomináveis e lembrando Almodóvar são sempre mais marcantes.

sábado, agosto 22, 2009

RAUL!

Ah, esse maluco belê!!


Delícia!

quarta-feira, agosto 19, 2009

Encontro de travessa

Semana passada, estava de bobeira em Ipanema e resolvi dar uma passada na Travessa. Estava fazendo a minha listinha de “5 DVDs e livros para comprar quando a grana entrar”, quando vi sentado na poltroninha, lendo as primeiras páginas do livro novo do Nick Hornby – digo isso, porque reparei primeiro no livro – o meu ex. Um dos meus ‘exes’. Me bateu uma vontade de tampar a cara com um livro e sair de perto de fininho e eu fiz isso, só que eu lembrei que estava bonita naquele dia e resolvi ir lá me exibir, mostrar como eu estava bem (mesmo com mais de 30) e saber com ele estava levando a vida. Ele tomou um susto quando me viu, falamos umas coisas meio decoradas e quando eu estava pronta para sair, uma música que eu adorava começou a tocar baixinho. Ele se lembrou da música, achei demais ele se lembrar! O climão passou e fomos tomar um café. Naquele clima bem Travessa de Ipanema à tarde, conversamos sobre Norah Jones, a música brasileira hoje, Lula, a mãe dele, minha mãe, cinema italiano e finalmente, rimos contando os rumos que as nossas vidas tomaram. E chegou a hora de dizer tchau. Demos dois beijinhos, saímos da loja juntos e ele resolveu entrar de novo porque lembrou-se que ia comprar aquele livro. Lembramos que havíamos lido juntos o nosso primeiro livro de Hornby, meus olhos cismaram em se encher d’água e os dele responderam. Um abraço, outros dois beijinhos, tchau e no ar ficou a possibilidade de um dia nos esbarrarmos de novo, ou não.

sábado, agosto 15, 2009

Pares

Rosa brigou com Julio, e possuída de ódio saiu de casa. André enjoado de Gabriele lhe deu um beijo na testa, falou que ia na farmácia e seguiu sem rumo só com a certeza de que não voltaria para lá. Pedro não agüentava mais estudar pro vestibular e saiu para beber alguma coisa mesmo que sozinho. Diego queria fazer alguma coisinha depois do cinema com Carla, mas, ela preferiu ir para casa, ele preferiu lembrar como era a noite sem a namorada. Só que Carla o seguiu. Luciana brigou com os pais, foi expulsa de casa com apenas uns trocados na carteira.
Quatro acabaram na Lapa.
Rosa, meio alterada com uma latinha de cerveja na mão, esbarrou em Diego, que se encantou com a menina. Ela percebeu e o beijou com um braço em volta da cintura e uma mão segurando seu pescoço. Enquanto isso, Pedro conversava com Luciana sobre a economia dos Tigres Asiáticos e Luciana, que tinha fumado um, estava toda entretida na conversa do rapaz. Ele acabou a chamando para dividir um AP, afirmando nunca ter feito algo tão impulsivo. E Carla, no caminho para encontrar Diego quase atropelou André, que acabou torcendo o pé e os dois passaram a noite conversando no hospital sobre Jimi Hendrix e cinema alemão. Foi quando tocou “Dancing in the moonlight” e todos viram que as coisas sempre acabam bem na sexta à noite.

terça-feira, agosto 11, 2009

Body and Soul

A mulher que se esconde por trás das fumaças do cigarro, sabe que pode ter qualquer homem. Ilude-os com falsos olhares, tem a todos na mão e, mesmo assim, suspira com sarcasmo ao pensar na sua situação. Sabe que seu corpo e alma são daquele que finge não percebê-la e que a faz esperar.
Ela aproveita o tempo para emprestar seu corpo pro divertimento de outros e assim não se lembra da alma – que mesmo partida, ela sabe que não pode emprestar, nem dividir.

quinta-feira, agosto 06, 2009

Gepeto

Gepeto morreu. George Pontes, meu primeiro namorado, conhecido também por GP pelos amigos morreu. Soube da notícia ontem ao falar com uma velha amiga, ele faleceu de ataque no coração. Ironico, pois Gepeto já destruiu muitos corações por aí. Prefiro pensar que morreu porque amou demais! Todas as suas mulheres... Inclusive eu. Talvez seja um consolo pensar isso, que ele me amou. Afinal, dentre tantas mulheres que passaram pela vida dele... Espero que sim. Porque nunca, por ninguém, sofri tanto de amor do que por Gepeto.

Nossa história começou assim: Eu morava na mesma vila que ele e quando beirava meus 10 anos – e ele também – descobri que eu estava gostando dele, depois de cantarmos “Carinhoso” do Pixinguinha juntos. Guardei isso para mim e vivi uma paixão platônica até meus 15 anos. Ele havia passado dois anos com os pais em Minas e voltou pra vila nessa época. Ele tinha mudado, tinha ganhado mais corpo, ficado mais vaidoso, mais forte. Eu também estava mais bonita, quem sabe, atraente. Percebi que não era só eu que estava gostando dele, o sentimento era recíproco. Ah, e como foi boa a época dos flertes, da mão sobre mão, do riso para dentro quando nos olhávamos e das mordidinhas no lábio quando o assunto acabava. Começamos a namorar – escondidos de nossos amigos da vila, que não iriam se controlar nas chacotas e comentários. Assumimos depois, e o nosso namoro foi ótimo no começo. E ele ficava mais bonito a cada dia. E esse foi o verdadeiro problema. Sua confiança em si virou a ponte para se exibir para as meninas... Com o tempo, fiquei cansada de ser apenas a acompanhante dele. E o larguei.

Apareceu Vicente, da turma da vila, o qual eu nunca havia reparado e disse que era apaixonado por mim. Nos casamos, tivemos filhos, construímos a nossa família e com o tempo aprendi a amar Vicente. ... Mas, as lembranças com Gepeto sempre causavam um estalo no meu coração. Porém, nunca mais retomamos o contato. Às vezes o via com uma moça, outras vezes com outra. Ficou mais velho e continuou com várias mulheres. Pode ser apenas um palpite de uma senhora tola, mas, acho que é esse o porquê de eu achar que fui amada por ele, depois de mim, ele não se fixou à ninguém...

Minha amiga também disse que no velório só tinha alguns velhos amigos. Nenhuma mulher. Por isso, amanhã lá vou eu deixar flores para ele. Meu Gepeto.