sábado, abril 17, 2010

Garoto impressionado

E tudo ao redor do garoto o lembrava seus hormônios.
Principalmente, as pernocas da menina de cabelos cacheados, uns dois anos mais nova e que ria uma riso rouco que o transformavam num quase louco quando de sem querer se pegava pensando nela. Nela e nas pernocas. Não queria pensar mais nela, só nas pernas.

Só pensava então em pernas femininas acompanhadas de modos sensualmente diferenciados. Desejava que suas viagens de ônibus no caminho para casa demorassem mais, dispensava até Ipod, só para poder livremente pensar nas pernas. Que pernas!
Virou um vício, via as pernas e para não esquecer nunca: as desenhava. Seus dias viraram colégio, pernas, pernas e desenhos de pernas. A garota dos cachos nem era mais motivos de insônia, ah, já as pernas de sônia, ou as de Maria, ou de Judite, ou as de Joana, essas sim, lhe tiravam o sossego ao mesmo tempo que o inspiravam. Se via como um artista perturbado, como estava feliz!

Ela apareceu dessa vez com os peitos maiores. Uma mulher agora. Belos peitos da menina de risada rouca.
Peitos, peitos, peitos... Agora eles estavam por todos os lados, suculentos seios de diversas meninas, mulheres, cinquentonas enxutas... Desenhava agora só isso, nem dormia direito eram peitos e pernas por todo pensamento.

Os cachos da menina apareceram com uma mão maior acariciando eles no recreio, e as pernas estavam em cima das do outro lá. E a risada vinha com toda energia da risada rouca de mulher.
Não pensou em mais nada o garoto, só na risada. E não ria, nem desenhava mais.

domingo, abril 11, 2010

Andamento

Ando ao vento
andar lento, nem tento.
vou correndo
contra tempo.
Não atento,
vou batendo
contra o vento(?)
Não!
Sempre a favor do vento.

E se me lembro
da vida breve
já não tento
e vou de leve.
pelo vento, quase voando.
vou andando.
Enquanto há tempo.

sábado, abril 03, 2010

A Urca.

Ah, a Urca....

Tão fechada em sua própria beleza assim como seus moradores.
Tão cheia de riquezas, finezas, leveza.
Tão fachada.

E ainda, bairro tão generoso, empresta sua borda pra massa que quase implora por um contato com o belo. Mesmo que sujo, mas, belo mar da Guanabara.
(Só que no miolo, só massa boa prevalece.)

Ah, a Urca...
Seu bonde, seus ventos, seu charme.

Um Grajaú da Zona Sul.
De requintada beleza cafona.
Culta, moderna, retrô.
Assim como seus moradores.

Tão distante do mundo que, mesmo sendo amavél, não consegue ser amada.
Ou melhor, é gostada por gente 'de gosto' e é paixão nos peitos brutos de Botafogo.