quinta-feira, julho 29, 2010

Humilde soneto de inverno

O inverno veio junto com a pele branca.
Tem um que de cafuné de vó e pantufa.
E junto com a sinfonia dos pingos de chuva,
traz alguma lembrança.

É um enredo de calmaria
Que só de pensar, calma, eu ria.

O inverno tem todo o jeito de lembrança
Me lembra aquele lugar que ainda vou conhecer,
Me lembra aquela música de Lou Reed
e aquela outra de nós dois.
Me lembra o livro que eu vou ler
E tudo mais que eu posso deixar pra depois.

terça-feira, julho 20, 2010

Palavreado

Eu sei que tem amigo meu que já não aguenta mais os meus lengas-lengas (adoro falar lenga-lenga) de "ah, essa palavra é linda", "Hum, odeio falar mijo", "Galhofa é uma palavra que mostra para o que veio", "Boca só poderia ser chamada de boca". Mas, cara, tem palavras que não deveiram existir, outras deveriam ser mais faladas e isso tem que ser discutido. Vamos às ruas! Ao Planalto central! Vamos gritar bem alto não falem a palavra "fronha" ou "crosta"!
O pior nessa coisa das palavras é quando elas são desnexas, por exemplo: Apaziguar. O significado é muito bonito, mas, coloca isso numa frase, tipo: "Vou apaziguar essa briga", porra, se eu não entendesse o que é apaziguar eu apostaria que é entrar dando tesouradas em todo mundo ou enfiar uma pá guela (outra palavra terrivel) abaixo...
Enfim, tá aqui uma listinha com algumas palavras que eu me peguei analizando:

*Palavras gostosas de se falar com significados tão bons quanto.

- Cuíca (é daquele tipo que mostra para o que veio)
- Jogatina
- Moreno
- Margarina (lembra logo casa de vó)
- Orgasmo (uuum)
- Delicioso (quando falado junto com o sentimento de delicia)
- Felino
- Abacaxi
- Petiscar
- Violeta
- Cochia
- Temporal
- Suspiro (serve para o doce e para o ato de suspirar e me remete a Espirro, que também é bom de se falar)
- Mar
- Castanholas

*Palavras gostosas de se falar com significados não tão gostosos

- Pum
- Besuntar
- Bigode (se for bigode de bicho é mais legal)
- Prolixo (prolixo é uma palavra que parece ser muito maior quando você fala do quando você escreve e ela te dá poder)
- Caralho (um caralho bem dito é tipo um ano de terapia - sem duplos sentidos)
- Flamingo (do bicho mesmo)
- Bosta (melhor até que merda)

* Palavras feiosas

- Fronha (essa é tradicional na categoria palavra feia)
- Pelanca (pelanca é completamente coerente com a sua aplicação, ou seja, tão decadente quanto uma bunda mole)
- Nadega (bumbum, bunda são tão melhores, mais fáceis)
- Gafanhoto
- Canhoto
- Arroto (é muito feio, mas, nenhuma outra palavra poderia ser colocada para denominar arroto)
- Flatulência (pum, né galera, pra que flatulencia?)
- Linfático
- Gargalo (que merda de palavra)

Desculpas por essa perda de tempo e a quem interessou eu aceito mais sugestões...

domingo, julho 11, 2010

An education

"I feel old but not very wise" diz Jenny, 16 anos - filme "an education"


"Me sinto velha, mas sem muita sabedoria" diz Gabi, 16 anos - na vida


Ainda bem que é temporário. Já to até ouvindo aquela música "We are young, we run green. Keep our teeth nice and clean. See out friends, see the sights...Feel alright!".

Mentira to ouvindo "It Had to be you" quase chorando com Tony Bennet...
Ó ceus!

quarta-feira, julho 07, 2010

Espelho meu, espelho teu

Ela se olha no espelho.
Seus traços, sua sobrancelha, um olhar...
Só lembram os traços e olhares daquela mulher que ela queria se transformar.

Ela se olha no espelho buscando admiração
Busca, busca, busca...
Ela só olha agora.
Olha vazio.

Olho castanho tão sincero.
Olho castanho tão cansado.

Busca agora na boca, ou melhor, no lábio superior
A verdadeira verdade.
Nos olhos a alma, e na boca?
Na boca a expressão primogênita do corpo?
Na boca só a verdade importa.
Mentiras sinceras também.

E ela ri, ri até as bochechas se formarem melhor, os olhos fecharem um pouco e o nariz ficar meio arrebitadinho.
Ri de que a vaidosa menina?
Ri sem som.
Ri sem ele.

Não.

Chega! Não quer procurar traços nela que lembrem ele!
ah não...
Ela estava fazendo isso desde o princípio.
Aliás, espelho só se tornou importante quando ele a chamou de “bonita”.

Aonde ele achou essa beleza?
Nos olhos, na boca, no queixo ou na pinta?
O olhar procura essa minúcia em todo canto do rosto da garota.
De pose em pose,

A menina à procura de um jeito dela que nele encanta,
Se torna mulher.

sábado, julho 03, 2010

Cora e Carol

Carolina colada
Ao seu livro
Lia os contos
de Cora Coralina
calada por
conta dos contos
De amor incontáveis.

Carol, corada, por querer
Decorar os poemas
com a calma de
criança que sabe
Que contos de amor
Incontáveis
são coisas de uma cara
Poeta, Cora Coralina.


Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores. - Cora Coralina