terça-feira, agosto 24, 2010

Coisa estranha

Esse lance de amor é coisa estranha.

É como quando você dança achando que a todos encanta,
E fica olhando para ver se alguém tá percebendo o quão charmoso é esse seu jeito de dançar. Daí, a dança fica estagnada naquele prototipo de beleza, e o seu olhar procura em toda pista algum olhar correspondente. Os olhos vivos se esquecem de que o amor é cego.

Num outro dia, quando sua roupa não é mais linda e seus cabelos estão desgrenhados, quando você dança sem o charme de quem sabe que encanta, quando você dança como se estivesse cantando. Quando você dança de olhos fechados.
Ai sim, o amor aparece em todo canto.
 
(constatações de sábado à noite - pt.1)

quarta-feira, agosto 18, 2010

Crise

Há gente rindo na casa do lado
Há gente se amando lá também
O tempo passando enquanto você está ai.
Rugas, testa franzida.
E finjo que não me importo, que passo despercibida
Há gente bebendo,
Também alguns brindando.
E eu.
Eu à você me prendo
Sigo cinza, cambaleando.
E enquanto escuto a orgia invejável de nossos vizinhos
Você fica ai, brincando de ser sozinho.

quinta-feira, agosto 12, 2010

para esse sentimento

Vá! Mas, volte...
De novo

Mas,
Volte...

Revolte-me,
Envoque-me
Algo novo,
Solte-me
Lá...

E Vá!

Mas, Volte
Porque
Quero
esse todo:
Apaixonar-me
De novo
Cá.

segunda-feira, agosto 02, 2010

As férias acabaram

Ah! To atrasada... Não! Não pode matar aula. Corre para pegar o ônibus. Você vai ter que escutar essa professora falando sobre os poços de petróleo às sete da manhã e não vai poder gritar, muito menos fingir que não está lá, pois realmente, você não está lá e está errado por isso de acordo com seus pais e outras figuras que você sabe que não estão certas e muito menos podem garantir algo, mas, se eles não podem que poderá. 
Daí o sino bate. Próxima aula. E você quer um carinho, um travesseiro, quem sabe até vodka, mas procura um café na coordenação. Sem ordenar nem seus pensamentos: direita-esqueda-oi-amigo-quero-ir-embora-faltam-4-tempos-ainda-bem-que-tem-recreio-ah-café! 
Números, blablablabla whiska sachê, tenta alguns risos escondidos junto com os amigos tão inadaptaveis quanto você. Sucessos e fracassos diários nas tentativas de piadas matinais, na tentativa da vida matinal, na tentativa de encarar o futuro da nação sentado ouvindo um velho falar de binomio de newton. Aonde o mundo vai parar? Aonde eu vou parar? Será que tem tempo pra parar? Aonde eu estou indo? Bate o sinal não dá para tomar um outro café, merda, quimica ou biologia?
Eba biologia. Angiospermas tentam entrar na minha cabeça, ela é meio dificil está ocupada escrevendo alguma letra de música na ultima folha do caderno - a mais divertida de todas sempre. - Oba recreio! Social nossa de cada dia, nos dai hoje. O reencontro de idéias, a falta de assuntos interessantes, falando da vida alheia, às vezes sonhamos e às vezes só existimos em inércia.. inércia é a matéria de física. 
Com o dia mais firme as piadas já ganham mais espaço e a conversa também, você pensa em fugir antes do ultimo tempo. Não pode! Não pode! O inspetor já conhece suas desculpas de dor de cabeça, de pé, de junta, de colica, de rim. Café então. 
Sinal bateu! Liberdade! Nem tanto...Vai pra casa, pensa em comer doce na padaria: não pode, engorda. Você se culpa. Come paçoca, só paçoca e se culpa de novo e almoça um sanduba - arroz engorda é carboidrato. - Tira uma soneca até pensa em aproveitar o dia mas tem curso de inglês, ah, oba! Hoje é dia de teatro, ainda tem sono em você... Humaitá, Parque Laje, Tablado! 
Você finge estar presente se auto-atua e não atura essa condição de ser semi-você não estar por inteira no único lugar que te é inteiro, isso é um escândalo, uma agonia, você vive agora. A agonia é grande quando chegamos perto do sonho, quando estamos na linha divisória entre as duas camadas de vida sonho-realidade. Ah! O teatro! Esse palco, tudo é lindo, o mundo lá fora acaba e renasce em você no seu corpo no seu gesto na sua boca.
Hora de ir pra casa antes umas risadas, um cigarro negado, a vontade danada de algo a mais, quero só isso da vida não voltarei pra casa, largo o colégio, o lençol, meus pais a vida é isso.
Não. É tarde, a Cacá te manda ir embora estudar e você obedece como um cachorro com os rabos entre as pernas.
Tchau Seu Carlos, tchau gente. Ah...
Meu reino por um palco com luz e atores!
A rua iluminada de carros da hora do rush me levam a trilha sonora seleta de meu ipod e talvez mais uma analise de vida em bancos altos do onibus 572. 
Em casa o computador o gasto das horas preciosas de sua vida, a vida escoa em brechas. 
Que desperdício de água, Gabriela! Mas, deixa...resgato minha vida no banho. Nua, molhada, cantando, feliz.
Um jogo aqui, talvez um livro ou dever de casa. A vontade de beber uma vodka, fumar um cigarro, gritar na janela, xingar a vizinha, correr com o cachorro, sair de madrugada, dançar nessa noite, beijar uma boca, pintar uma obra, voltar pro teatro. Já são meia noite, seus pais tão em casa, o alarme toca as seis e você amanhã levanta atrasada.