terça-feira, dezembro 21, 2010

Só no mar.

Caiu por ter tentado desviar. “O que fazer agora?” se perguntava, a menina de signo de terra. Olhava o céu daquele começo de verão e lembrava que não era mais triste. Havia uma luz. Havia uma tristeza passada, seu atestado de vivência. Havia o desejo. Havia o tesão pelo futuro. Havia o medo, as sombras.
Havia ele agora. Assim, se sentia parte de algo. Queria ser dele e se perguntava “Mas, de quem somos, se somos tanto de nós mesmos?”

Como ela, a que mais sofrera por amor, se deixou levar de novo e cair?
Cair de cabeça.
Cair no mar, dessa vez.
Não mais botar só os pezinhos.
Banhada por incertezas. Banhada pela feminidade que se espelhava por seus gestos, toques e olhar. Banhada pela vontade crescente. Banhada pela ternura de menina crescida.

Do mar, via a lua. Imaginava a lua como feita para ela e feita para ele.
Para o olhar deles que ia além do olhar dos medíocres que passam sem perceber a grandeza dos sinais. A grandeza dos sons. A grandeza da lua. A grandeza do ser.
O verdadeiro problema do ser é que ele nunca sabe o quanto pode levitar e se atirar ou o quanto é pesado para cair.

Ela sentia o peso puxar seu corpo dentro daquele mar,
Mesmo assim, boiava. Flutuava sobre a imensidão.
A imensidão sentida. As dúvidas como ondas.
Os medos.
O calor. Calor das trocas.
A lua cheia de verão.
Deixava-se ir com o mar.

segunda-feira, dezembro 13, 2010

Prelúdio de começo


Olhou.
Olhou.
Olhou.
Desviou timida.
Olhou pro chão.
Olhou pro teto.
Olho no Olho.
Ai!
Sorriu como se fosse o dono do pedaço.
Sorriu sem abrir a boca.
Olhou.
Olhou pro lado sorrindo.
Olhou pro chão desconsertado.
As mãos
Os amigos
Olhou.
Olhou.
Ta na minha. Deus, é sério?
Fuck yeah!

sábado, dezembro 04, 2010

Dezembro

Desanda e
Impõe
Desbota e
Compõe
Desarma e
Propõe
Deleita e
Dispõe
do tempo que vai.
dos segundos finais
da ânsia dos mortais
e acaba, assim como maio,
uma vez mais.