sábado, agosto 20, 2011

Ecos no oco.

Sinto
mas sinto muito,
pois sinto falta
daquilo
daquele
do modo
que pulsa, pulsa pulsa.

Me perco
nos seus braços
antes que
a alma
o corpo
a vontade
caiam, caiam, caiam.

E me esqueço,
enrubescida,
me deixo
no tempo,
no leito,
na noite
que passa, passa, passa.

Só para que
se faça um
eco em mim
daquilo tudo
que sinto,
minto,
amo
e me falta, falta, falta.

sexta-feira, agosto 12, 2011

Da sua maneira.

E se você quiser reclamar, falar
dos seu problemas e julgar
mais e mais tudo aquilo que é
complexo ou até mesmo os fatos
banais.
Não o faça, porque eu fujo.

Se você quiser cantar alto
aquela música, lembrar aquele
dia na rua com aquelas cores e
você e eu falando sobre alguma
coisa que nos tocava.
Não o faça, porque eu me atiro.

Se você não me quiser ofender,
nem me analisar, nem reparar
naquilo meu que é torto ou
fora do lugar.
Não o faça, porque eu me estrago.

Se você quiser andar na Lagoa,
sair daqui, criar um cão, me fazer
um filho,construir uma casa, nadar no
mar, fugir num barco, se você
quiser o mundo.
Não o faça, porque eu me perco

Se você quiser jurar o amor, o futuro,
beijar até que a morte
se esqueça de nós e romper
com o mundo todo só
para podermos ficar à sós.
Não o faça, porque eu  me esqueço.

Mas, mesmo que você insista
e faça tudo o que eu
lhe poupei, então que me aceite
fugida, esquecida, atirada, estragada
e perdida em seus braços.

quarta-feira, agosto 03, 2011

cinco oito três

Foi num 583 que nos vimos gostando um do outro pela primeira vez.
Foi logo no começo quando pensávamos que não iria acabar, nem que as tarifas aumentariam mais e mais e mais, foi logo que nos ninhamos na nossa casa e nos casamos no nosso ninho. E tudo isso embalados sob o leblon-cosme-velho e os bancos altos que nós sempre sentávamos.
O 583 e eu caindo em você nas curvas ou você sempre pedindo pra sentar na janela e a gente rindo, conversando, cantando Caetano baixinho e se amando sob o silêncio.

E sempre que algum motivo nos fazia nos desfazer do nosso 'estar-junto' e esperar o 584 cosme-velho-leblon tudo era triste, só não era pior que a demora do 583 quando se estava sozinho ou na hora de voltar. A ansiedade de chegar em casa e ver você, nem que fosse pra te olhar dormindo... mas como demorava! Por que as companhias de ônibus nunca entendem as pressas da gente que gosta tanto de estar junto?
Lembro de você lendo as poesias do Pessoa com todas as pessoas olhando, enquanto la fora Ipanema ou Laranjeiras passavam e a gente chegava no Cosme-Velho sem nem perceber a hora do rush ou Copa engarrafada. Só eu, você e cabeça no ombro com mãos entrelaçadas

Nunca imaginaríamos que tudo iria acabar com uma discussão e você entrando num 584, aos prantos, o vento no rosto e certeza que aquele era o fim de linha.
Agora, eu num 512, ao lado a praia da Urca, escrevo isso para você poder puxar a cordinha e sair em paz de mim, pra poder seguir meu novo itinerário.