quinta-feira, janeiro 31, 2013

como eu queria que fosse o fim

imagino o fim como uma estrada em que aos poucos vamos desaparecendo nada rápido nem violento estaríamos de mãos dadas as vezes a sós, as vezes não e viveríamos só de lembranças, de adjetivos legais, repetiríamos a mesma música assim como fazíamos no início, inventaríamos novos apelidos, nos abraçaríamos de tempo em tempo. eu imagino o nosso fim ralentado, morreríamos velhos e só ali acabaria. na eternidade da velhice. eu imagino o nosso fim como se fossemos um avô velho numa cadeira de balanço, brincando com a barba branca e comprida, bebendo a sua última taça de vinho branco e PAF! o copo cai no chão, mas ninguém sente a dor dos cortes. acho que deveríamos acabar que nem o oceano. podíamos deixar a cada dia parte de nós em algum canto. um canto que a gente sempre poderá voltar, se isso te deixa mais seguro. poderíamos deixar todos os filmes de uma vida passar diante dos nossos olhos quantas vezes fossem necessárias e dar "stop" para uma última transa. das boas. é, acho que devemos chorar, sofrer um pouco, cada um no seu canto, mas se apertar demais a gente se encontra em algum lugar longe do mundo que a gente vai chamar pra sempre de nosso. a morte não é definitiva, é eterna. nascemos morrendo. morremos um pouco aqui, daqui a pouco morremos mais e entre uma morte e outra, um big mac ou um show do Stevie Wonder em que, my cherie amour, você se entrelaçava todo em minhas mãos. queria que o nosso fim, fosse sentido como um perfume, e que a gente nunca percebesse que o amor aca...

quarta-feira, janeiro 23, 2013

Católicos tijucanos

Quando eu era pequena, sempre que minha avó salgava o arroz, meu avô dizia:
- Vou jogar essa mulher no lixo!

Eu, afoita e protetora, respondia:
- Se você jogar, eu pego ela de volta!

Quando eu era pequena, sempre que eu derrubava sopa na toalha, meu avô dizia:
- Vou jogar essa menina no lixo!

Minha avó, afoita e protetora, respondia:
-Se você jogar, eu pego ela de volta!

Sempre foi assim na minha família.
Entre a neurose psicótica e a ternura, missas e bons palavrões, continuamos nos dando bem.