quinta-feira, janeiro 30, 2014

me acostumei com seu rosto

na cama . as primeiras luzes que flagro da manhã insistem em escapar pela cortina que se move com o vento. não quero pensar em nada. deve ser culpa da música bonita que toca no piano no vizinho há alguns dias nessa hora da manhã. mas eu penso de maneira emocional um tanto contida enquanto demoro para acordar que nem um adeus que já tá tão adiado que se perdeu no meio de uma história que já não tem nem um final pra ir. sigo assim esperando que um de nós se levante e feche a cortina mas a gente já cansou disso. me bate uma baita tristeza que ecoa na maneira em que me vejo tomando banho para sair. lavo meu corpo sem graça nu. cobro de te dar um beijo que demonstre ainda certa languidez e compromisso e no fundo um perdido mofado “queria ficar mais um pouco aqui com você”. confesso que já confundo a quem dedicar a música. que reflete tão íntima em mim. dai acordo todo dia com um cara diferente. só que você que ocupa o lugar deles do meu lado da vida e fico com uma certa raiva num agudo que eu suavizaria se fosse o vizinho e entendesse de piano. só que a música engata terna e serena e assim não dá para ficar muito tempo furioso. bate então saudade, dó, pena, falta, culpa, dó, todo tipo de sentimento que se deixa prolongar por quatro minutos e dois dias e meio e talvez anos dessa forma. bate o discreto desejo melancólico de que o vizinho volte a tocar simply red e que eu descobrisse novamente numa manhã de quarta que você. no fundo. você gosta de simply red e ai! meu! deus! eu riria de você sem nenhuma dificuldade e antes de ir pro trabalho eu só mostraria a minha língua sem beijo nem nada a gente já sabe que em pouco tempo estaremos juntos de novo ate que acabe o mundo o tempo o som o beijo o sexo o símbolo o adeus o não o posso o não posso. mas essa música triste não dá mais. te beijo. e vou embora. desculpa porque volto. como sempre. até que um dia não mais e é isso mesmo o resto é invenção e música.

segunda-feira, janeiro 13, 2014

dois lados.

é tiro
e queda
essa coisa de Domingo.

Se faz sol
não tem por que ser triste.

Se faz chuva
não tem por que mentir.