terça-feira, maio 19, 2015

hipo(s)

santa tereza, oitenta e dois metros quadrados, lençóis e muitos deles estão no armário, o filho de alguém que mora perto não para de chorar, um bar funciona, são cinco e é quase de manhã, o livro do leonard cohen não foi lido, o ronco é seu, a sinusite é minha, respiro sutil como um hipopótamo num tanque fervendo, o norte é cada vez mais longe, a luz do carro passando na rua passa pela persiana fazendo um frizz acende apaga que me lembra a primeira memória que tive na infância, hipopótamos saem correndo e me esmagam, o ronco ainda é o seu, a criança não é nossa e chora, santa e poucos metros quadrados, a umidade aumentou a sinusite, nossos pelos pelo banheiro, a presença do gato que nem tá por perto, o bêbado grita em um beco escuro do mundo, sufoco a minha cara no teu peito, como os pêlos, me sujo inteira, dentro de você eu grito desculpa por ter chegado atrasada no cinema terça-feira meu amor, me penduro no parapeito da janela, não sinto os ossos que os hipopótamos e depois os elefantes - sim, era uma fauna louca - sem pena fatiaram, dance me to the end of love, solto o parapeito, o bêbado ainda grita, e o ronco é seu.