segunda-feira, julho 18, 2016

gigante

disseram (gente que invadiu a festa) que o composto da combinação das nossas respirações enquanto dormíamos (apagados na grama sintética em forma de orelha com aparelho auditivo) virou uma enorme bolha e ta viajando entre jardins de bromélias e cafés orgânicos no leste. deu pouco tempo, eu to sabendo, mas sonhei contigo, baby.
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com aquele negócio (esquisito) que você faz com a boca e as memórias (aveludadas) sobre livros de suspense que me injetaram na infância. tive o maior medo e chorei, enquanto afundava o dedo na minha barriga, ajeitando o chip, deixando a vida rolar. seu braço mecânico no meu peito de plástico. nossos aparelhos digestivos grunhindo. cheiro de manga em algum lugar. te falo o quanto falhei na minha antiga love story. deus fala com a gente umas paradas sobre as peças que fez. deus é um fofo. uma língua sua, meu frágil olho biônico cor lilás. tudo muito sensível, desmontável. adorei, inclusive, quando cogitamos conquistar a Ásia inteira e você riu de mim e me chamou de robô gigante. como é grande tudo. o morro que chupa a lua e esconde os planetas, a discordância entre os homens, sua tese de que a história do mundo é um círculo e eu esperneando: "é espiral! é espiral!". esse afeto cintilante, alterado.
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nossa respiração sagitariana já manda cartões postais. vontade de se fundir e virar o maior robozao do mundo, cheinho de conhecimento, resistência, maldade, imperialismo e bomba de sentimentos artificiais. mas nenhum cinismo. agora o fato é que é. eu, sozinha, ciborgue capenga, com vontade desregulada de lamber, meio criança, 78% mulher, caída de carinho lisérgico, caída por aquele amor, amor bagarai, amor que com certeza vem do que temos de mais não humano, amor sobrenatural - tesão dispositivo - e.t. , caída de amor meio água viva (em resumo, pela estética inofensiva e os choques de arder, gritar, sair, fugir no meio do mar) por essa máquina-tu, delirante atrás de um coração externo a tudo isso. Call me Dorothy, baby. e bora descer que a festa já ta acabando, tem uma galera querendo entrar sem pagar e Rafael tá louco, brincando com o próprio desequilíbrio na beira da piscina.

domingo, julho 17, 2016

anotações sobre o fim de semana passado.

I
P. saiu de casa as 9. Passou por 4 bairros. 8 bares diferentes. 2 capirinhas. 5 catuabas. 6 mensagens. Todas não lidas. 2 ligações. Chupou sua melhor amiga. 1 vinho do porto.
II
J. escutou "O mundo é um moinho" e foi em frente, sem olhar pra trás, atrás da festa dos amigos da 9B, que ele vai todo ano e ela confirmou que ia. Mas não importa, ele pensa, se ela vai ou não. Ela é águas passadas. eles até conversam sobre as novas anunciações de amor e política numa boa. Até que J. volta pra casa e tremores no corpo e ânsia de vômito. Culpa da extrema direita, ele pensa, angustiado, com sangue saindo do nariz.
III
D. não se acha bonita só porque está acima do peso. leu no horóscopo que esse é o seu ano do amor. se afoga em MD de 15 em 15 dias. Jura que por F. é amor de verdade. Assinou Netflix. Está esperando ele para começar uma série. Engordou mais 1kg.
IV
F. não tem por D. nem pensamentos remotos.
V
M. adora samba, purpurina, gatinhos, a ex-namorada e trocar stickers no telegram com todo mundo com quem eventualmente trepa. M é feliz, uma pena que teve a língua cortada pelo irmão mais velho quando tinha oito anos.
VI
G. entrou no tinder na quinta. E no Happen ontem. Vamos ver o que acontece.
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VII
T. fez quarenta e três em maio, adora samba, purpurina, direitos humanos, adolescentes pós-modernas e a ex-mulher. nunca foi muito feliz, gosta de roçar, mesmo sendo meio budista.
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VIII
Tavam todos na festa de ontem. Eles, nós e o Flerte. o Flerte. Aquele Flerte que tava em todas as festa que fomos nos últimos tempos, que vai também nos mesmos bares, cinemas, manifestações, blocos de carnaval. Aquele Flerte que sorriu de longe no comício do Freixo. O Flerte que te conhece há mais tempo que uns amigos, acompanhou idas e vindas suas com outras pessoas. O Flerte que resiste, que te olha com tesão desde que você tem dezenove anos, encara mesmo, durante horas. O Flerte, que você soube que também é amigo da ​Giovana Maia. Que com certeza é ator ou professor de história. ou artista plástico. Aquele Flerte que dispensa a troca de palavras porque tá escrito, iria dar certo, é coisa garantida, estoque de alma gêmea. Flerte, comparsa intimo, cúmplice dedicado, está sempre na rota, já é piada interna, fim de festa quando ele vai embora, ponto de referência. O Flerte, prova de que você só tá terminando essa festa sozinha porque quer. O Flerte tá ali, com a mesma vida, a mesma bermuda cinza, chinelos, a mesma fantasia meio machista todo carnaval. O Flerte, meio merda, meio retrato da insatisfação que se sente pela cidade e seu meio social e os caminhos que segue e sempre seguiu na vida. O Flerte que a qualquer dia te arruma um freela e uma casa pra dormir uma noite em Recife.